Centro Histórico de Tavira

Faro

Tavira

Em Tavira a regra é simples: repetir em loop, até ser velhinha, o passeio pela ria e descer o rio Gilão até à Ria Formosa. Avistar as salinas, os flamingos, o antigo Arraial e o Forte. A vista de Cacela Velha, as salinas rosas e as tascas de ostras e lingueirão e o polvo de Santa Luzia que é outra religião.

Quem me tira o estômago, tira-me a alma. E esta terra não é um enfeite é um deleite dos sentidos, uma diversão para o palato, uma alma em permanente digestão. E já que aqui estamos, é deixarmos nos ir ao barlavento, que os algarvios fugidios sabem bem quando, dizem, que “Atrás de tempo, tempo vem”.

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Ria Formosa

fig. Ria Formosa

De Tavira a Olhão são 23 Kms. Havendo pernas, faz-se a pé, passeando pelas bordas da Ria Formosa, parando para petiscos e mergulhos. Para animarmos a alma, recomendo que invista o seu tempo na Fuzeta, a passar no areal deserto ou a dar mergulhos num postal azul, ao mesmo tempo que agradecemos a nossa existência e imaginação.

E nunca dar por garantida a paisagem, sem fazer a viagem humana ao Mercado de Olhão. A pesca foi desde sempre o principal meio de subsistência da população. São algarvios duros, como as conchas dos bivalves, e doces como a massa pão.

Ilha da Culatra

fig. Ilha da Culatra

E que nunca nos falte a fome, porque aqui não faltam ofertas: Do Pitéu da Baixa Mar ao Horta, para lamber os dedos com o xarém de amêijoas, charrinhos alimados, lulas cheias à moda de Olhão, coelho com feijão-vermelho, arroz de lingueirão, polvo grelhado, salada de ovas, açorda de petinga, litão (peixe seco), raia alhada e mais não digo porque me explode o umbigo) o).

No final, ou antes ou depois, é mandatório que se apanhe o barco e se vá às Ilhas do Farol e da Culatra. Passear sem pressa, numa ilha sem carros, cheia de apontamentos e flores. Invejar quem lá tem casa, mergulhar à direita e à esquerda, esperar pelo pôr do sol, marcar uma mesa num restaurante à beira mar e elogiar a calmia, ao mesmo tempo que suspiramos por um sitio onde ficar.

Ilha do Farol

fig. Ilha do Farol

E deixar que a noite chegue, para olhar para o céu estrelado e ver a linha horizontal do farol, como a mão de luz de uma mãe atenta, a passar a mão na cabeça dos filhos e a abençoar mais um “Amanhã”. E guardar na manga da volta o provérbio algarvio que tão bem condiz com este fado vivido:

“No Algarve, do mar a mesa; da serra, a sobremesa”.

Roteiro

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